Quando
nossas verdades não podem ser contadas como deveriam passamos a acreditar em
contos, em personagens que falam através da gente, não importa a idade sempre
fica mais fácil por meio de outras pessoas contar algo que vivemos.
Minha
infância foi entre agulhas e bonecas, minha brincadeira sempre tinha um
equipamento de hospital mesmo quando estava em casa, pra mim brincadeira tinha
que ser dentro de um hospital ainda que imaginário com doenças que parecessem
tão reais quanto a minha, eu saia do hospital mas o hospital não saia de mim
não que eu gostasse ou sentisse falta de estar internada mas porque por muitos
anos aquilo era minha rotina, esperava o telefone tocar e sabia que era hora de pegar as roupas que
estavam separadas, minha mãe já tinha deixado “sob aviso”.
Ao internar
já tinha decorado o procedimento: dar a baixa, esperar a enfermeira nos levar
ate o quarto com a vaga, sabia que as 18 horas era a hora de “procurar a veia”
era a hora de “furar” quando tinha sorte conseguia nas primeiras vez mas quando
não a noite ia longa tentando achar a veia, agulhas passavam de mão em mão ate
achar algo e sempre escutando a mesma frase: “Fica relaxada se não a veia
escapa” sim, deveria ter ficado relaxada enquanto literalmente cavavam dentro
do braço alguma veia útil.
A rotina dentro de um hospital é estressante, não
sei aonde é para descansar, medir pressão, temperatura, pesar todas as manhãs,
como dormir com uma agulha no braço? Se mexer muito na cama não pode afinal
acaba perdendo a veia, fora as noites que de tão cansadas eu e minha fiel
escudeira (minha mãe) pegávamos no sono, acordava sem medicação rolando
mais, secava e acabava perdendo a veia porque a enfermeira esqueceu de passar
no meu quarto ou estava ocupada ☹
Então as
noites tornam-se longas e cansativas porque alguém precisava cuidar a
medicação! Oito horas da manha já te acordavam, as vezes por nada mas é
proibido dormir ate mais tarde ( a não ser que tu fique em um quarto privativo,
dai a historia é outra....)
Começa cedo
o dia por lá: fisioterapeuta, nutricionista, médico e quando lembravam de
mandar a estagiaria de psicologia, o que eu particularmente não tinha saco! Não
tinha paciência de falar o obvio: não estava tudo bem e não estava a fim de
falar ☹
engraçado né? Logo eu que hoje amo minha terapia, mas naquele momento tinha
vontade de mandar longe a pessoa, coitada!
A moral é a
seguinte: na vida tudo precisa de maturidade, principalmente para encarar a
vida com uma doença, mas o que fazer
quando nossa única opção é ser madura desde criança? Eu cheguei a uma
conclusão: em alguns pontos amadureci demais,
vivi coisas que me fizeram ser adulta antes do tempo mas em contra partida tenho imaturidades que
não são simples para serem resolvidas!
Complicado
não?
*Fonte da imagem: https://osegredo.com.br/maturidade-emocional-nao-e-uma-questao-de-idade/
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